Em
cerca de dois anos já será possível ter resultados visíveis de redução dos
casos nas comunidades onde os mosquitos serão lançados
Autores: Fernanda Freitas, Gerciane
Alves, Josiane Paganini, Letícia Oliveira, Mayara Coimbra e Mirian
Machado.
A preocupação das
autoridades é constante e o cuidado deve ser intenso. Apesar da redução do
número de casos, a orientação da SES é de que a população continue com medidas
preventivas, como verificar o acondicionamento de lixo e eliminar recipientes
que possam acumular água e virar criadouros do mosquito.
Desde 2012 a Fiocruz
trabalha em projetos estudando os hábitos do transmissor. Avanços nos estudos
aplicados ao combate e erradicação do mosquito tem ajudado a população que
ainda sofre com a proliferação do Aedes Aegypti. Uma recente descoberta está
trazendo esperança para o brasileiro, trata-se de um “mosquito do bem”.
A Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz) deu início a um novo método de combate a epidemias de dengue no país.
A técnica consiste na liberação de mosquitos contaminados por uma bactéria
chamada Wolbachia, que dificulta a transmissão da doença pelos insetos, mas não
prejudica seres humanos. Ela está presente em cerca de 70% dos insetos no mundo
e é capaz de diminuir a vida do transmissor pela metade, caindo de 30 para 15
dias, além de eliminar o vírus da dengue que o contamina.
O método de controle se
baseia na soltura programada dos insetos com a bactéria. E ao se reproduzir na
natureza com mosquitos locais acabam passando a bactéria de mãe pra filho
através dos ovos. Com o passar do tempo, a expectativa é que a maior parte
possível da população dos transmissores local tenha a Wolbachia e não transmita
mais a dengue.
Pesquisadores
da Fiocruz garantem que a Wolbachia não contamina humanos
Scott O’Neill
coordenador do Programa Internacional Eliminate: Our Chanllenge (Eliminar a
Dengue: Nosso Desafio) destaca que essa bactéria pode ser utilizada como
ferramenta adicional no combate de doenças como malária, febre amarela,
chikungunya e principalmente a dengue. ‘’Essa pesquisa pode erradicar a dengue
no Brasil e muito provável em todo o mundo, pois os resultados tem sido
positivos e os avanços tem se projetado em uma magnitude ainda não mensurada.
’’
Luciano Moreira,
pesquisador da Fiocruz e líder do projeto aqui no Brasil, assegura que a
estratégia científica poderá contribuir para o controle da dengue e para a
melhoria da saúde da população. “Uma vez no ambiente, os insetos contaminados
com a bactéria a transmitem naturalmente para as gerações seguintes de
mosquitos, tendo efeito parcial sobre a transmissão de dengue”.
Nesta primeira fase de
testes, cerca de 10 mil mosquitos Aedes Aegypti contaminados com a bactéria
Wolbachia serão liberados semanalmente pelos pesquisadores em um bairro na Ilha
do Governador, no Rio de Janeiro. As liberações começaram no dia 24 de setembro
deste ano e acontecerão durante quatro meses. O número de mosquitos é similar
aos protocolos dos experimentos feitos na Austrália, onde os testes já foram
concluídos em várias localidades.
A expectativa é que os
testes reduzam os casos confirmados, mas há a probabilidade de ocorrer mudanças
durante o processo. “Apesar de ser uma iniciativa promissora, há a
possibilidade da ocorrência de mutações genéticas, assim colocando em risco a
eficácia do método”. No entanto, para Moreira, em termos evolutivos isso pode
levar décadas, permitindo que se garanta, sim, a redução no número de casos nos
próximos anos.