Em cerca de dois anos já será possível ter resultados visíveis de redução dos casos nas comunidades onde os mosquitos serão lançados

Autores: Fernanda Freitas, Gerciane Alves, Josiane Paganini, Letícia Oliveira, Mayara Coimbra e Mirian Machado.  

Entre janeiro e fevereiro deste ano, segundo o Ministério da Saúde foram registrados 87 mil casos de dengue no Brasil. No mesmo período em 2013, foram 427 mil notificações. Em Mato Grosso do Sul, houve uma redução de 93% dos casos no primeiro semestre de 2014 comparado com o ano passado. De acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES) até a primeira quinzena de junho, foram 6.752 notificações. Em 2013, foram 97.935 casos notificados.
A preocupação das autoridades é constante e o cuidado deve ser intenso. Apesar da redução do número de casos, a orientação da SES é de que a população continue com medidas preventivas, como verificar o acondicionamento de lixo e eliminar recipientes que possam acumular água e virar criadouros do mosquito.

Desde 2012 a Fiocruz trabalha em projetos estudando os hábitos do transmissor. Avanços nos estudos aplicados ao combate e erradicação do mosquito tem ajudado a população que ainda sofre com a proliferação do Aedes Aegypti. Uma recente descoberta está trazendo esperança para o brasileiro, trata-se de um “mosquito do bem”.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) deu início a um novo método de combate a epidemias de dengue no país. A técnica consiste na liberação de mosquitos contaminados por uma bactéria chamada Wolbachia, que dificulta a transmissão da doença pelos insetos, mas não prejudica seres humanos. Ela está presente em cerca de 70% dos insetos no mundo e é capaz de diminuir a vida do transmissor pela metade, caindo de 30 para 15 dias, além de eliminar o vírus da dengue que o contamina.

O método de controle se baseia na soltura programada dos insetos com a bactéria. E ao se reproduzir na natureza com mosquitos locais acabam passando a bactéria de mãe pra filho através dos ovos. Com o passar do tempo, a expectativa é que a maior parte possível da população dos transmissores local tenha a Wolbachia e não transmita mais a dengue. 
 



Pesquisadores da Fiocruz garantem que a Wolbachia não contamina humanos
Scott O’Neill coordenador do Programa Internacional Eliminate: Our Chanllenge (Eliminar a Dengue: Nosso Desafio) destaca que essa bactéria pode ser utilizada como ferramenta adicional no combate de doenças como malária, febre amarela, chikungunya e principalmente a dengue. ‘’Essa pesquisa pode erradicar a dengue no Brasil e muito provável em todo o mundo, pois os resultados tem sido positivos e os avanços tem se projetado em uma magnitude ainda não mensurada. ’’

Luciano Moreira, pesquisador da Fiocruz e líder do projeto aqui no Brasil, assegura que a estratégia científica poderá contribuir para o controle da dengue e para a melhoria da saúde da população. “Uma vez no ambiente, os insetos contaminados com a bactéria a transmitem naturalmente para as gerações seguintes de mosquitos, tendo efeito parcial sobre a transmissão de dengue”.

Nesta primeira fase de testes, cerca de 10 mil mosquitos Aedes Aegypti contaminados com a bactéria Wolbachia serão liberados semanalmente pelos pesquisadores em um bairro na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. As liberações começaram no dia 24 de setembro deste ano e acontecerão durante quatro meses. O número de mosquitos é similar aos protocolos dos experimentos feitos na Austrália, onde os testes já foram concluídos em várias localidades.

A expectativa é que os testes reduzam os casos confirmados, mas há a probabilidade de ocorrer mudanças durante o processo. “Apesar de ser uma iniciativa promissora, há a possibilidade da ocorrência de mutações genéticas, assim colocando em risco a eficácia do método”. No entanto, para Moreira, em termos evolutivos isso pode levar décadas, permitindo que se garanta, sim, a redução no número de casos nos próximos anos.




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